GeralDestinado ao sucesso
Presidente de um projeto social que leva seu sobrenome, Torben Grael mostra como se faz uma carreira com números impressionantes

7.ago.2013 - Mais que uma ação social que possui o sobrenome mais famoso do esporte olímpico brasileiro, o Projeto Grael é uma iniciativa que leva oportunidade a milhares de jovens do ensino público. Com foco em esportes náuticos, programas profissionalizantes e educação ambiental, os cursos são oferecidos de acordo com a faixa etária, que vai dos 9 aos 24 anos. Quem conta mais a respeito é Torben Grael, um dos mais importantes iatistas do mundo, predestinado a ter números grandiosos em sua trajetória de vida: cinco medalhas olímpicas, seis campeonatos mundiais e muitas outras conquistas somadas ao impressionante número de 12 mil jovens atendidos pelos cursos oferecidos pelo projeto que preside.
Como surgiu a ideia do Projeto Grael?
A ideia de criar o Projeto Grael surgiu quando eu, meu proeiro Marcelo Ferreira e meu irmão Lars Grael retornamos com medalhas dos Jogos de Atlanta (1996). Naquele ano, Marcelo e eu conquistamos a medalha de ouro na Classe Star e Lars e Kiko Pelicano voltaram ao Brasil com a medalha de bronze na classe Tornado. O pensamento inicial do projeto era criar uma escola de vela para crianças de comunidades de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, com o objetivo de incluir o indivíduo na sociedade através do esporte e, também, desmitificar que a vela é uma atividade elitista.
Quantas crianças já foram atendidas pelo projeto?
Desde a sua fundação, em 1998, mais de doze mil jovens passaram pelos diferentes cursos oferecidos pelo Projeto Grael – todos gratuitos – voltados para estudantes de nove a 24 anos que estejam cursando ou tenham concluído o ensino médio em escolas públicas. Atualmente, o Projeto oferece cerca de 10 cursos, divididos entre Iniciação Esportiva, Profissionalizante e Educação Complementar. Os dados estatísticos mostram que 27% dos alunos obtêm emprego (quero dizer carteira assinada!) com ajuda do Projeto Grael.
Como o projeto consegue recursos para se manter?
O Projeto Grael se mantém, basicamente, com recursos da Lei de Incentivo ao Esporte. Há uma grande dificuldade de conseguir recursos de patrocínio direto.
Quais são os compromissos defendidos pelo projeto?
Muito mais do que criar uma escola de vela, uma das principais missões do Projeto Grael é utilizar o esporte como ferramenta de inclusão social. Dessa forma, acreditamos que, através, do trabalho realizado pelo Instituto podemos revelar oportunidades, promover a cidadania e fomentar a inclusão social.
Como se insere a questão social e ambiental no Projeto?
A Educação Ambiental é um dos pilares do Projeto Grael. A ênfase é para projetos ligados à despoluição da Baía de Guanabara, como o Projeto Baía de Guanabara, com a utilização de derivadores oceânicos para o monitoramento da circulação superficial de águas da Baía de Guanabara. Três alunos do Projeto Grael acompanham os derivadores – lançados ao mar uma vez por semana – para o monitoramento das correntes. As informações ajudarão à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a montar um estudo de previsão de correntes, útil para navegação e atividades náuticas em geral. Nosso parceiros são a BG (empresa da área de petróleo), Pro-Oceano e a UFRJ/Meteorologia/ LAMMA/LAMCE-UFRJ.
Já no Projeto Águas Limpas, três ex-alunos do Projeto Grael trabalham diariamente numa embarcação de alumínio, tipo Cataglop (importada da França), específica para a retirada do lixo flutuante da Baía de Guanabara. Temos o patrocínio da Águas de Niterói, apoio da CLIN (Companhia de limpeza urbana de Niterói) e do Clube Naval Charitas.
Há um trabalho mais forte em torno da formação e atletas de vela?
Nosso foco não é formar atletas, mas cidadãos. Temos um grupo que chamamos de Estrelas do Mar. São jovens que se destacam tanto na vela quanto na escola. Esse grupo participa de competições nacionais e internacionais, sejam no Rio de Janeiro e em outros estados/países. Em 2010, quatro alunos do Projeto Grael venceram a tradicional regata oceânica Cape Town-Rio. Foram 17 dias de mar entre a Cidade do Cabo, na África do Sul, até o Rio de Janeiro. Jovens do Projeto Grael conquistaram para o Brasil o primeiro título nessa prova.
Outro exemplo de alunos e ex-alunos que despontaram no esporte é o Samuel Gonçalves, que hoje é proeiro do meu irmão Lars, também um dos fundadores do Projeto Grael.
Existe algum plano para trazer o Projeto Grael a São Paulo? O que falta?
O Projeto Grael possui uma unidade descentralizada em Três Marias/MG. Nós já recebemos propostas para implantar o Projeto Grael no Guarujá, por exemplo. O que falta é estruturar o modelo e captar patrocinador. Estamos, ainda, tratando da implantação de uma unidade do Instituto nos estados de Paraná e Bahia.
A Marinas Nacionais se candidatou ao Selo Bandeira Azul, um selo ambiental concedido às marinas que fazem um esforço especial para gerenciar suas ações com respeito ao ambiente e a natureza local. O que acha dessa iniciativa?
O selo tem tudo a ver com a ideologia que trabalhamos no Projeto Grael. Essa iniciativa é extremamente importante para criar uma consciência ambiental cidadã e a respeitar o ambiente onde vivemos.