GeralColaborando com o meio ambiente
Expedições de avistagem ajudam com informações sobre existência, frequência e comportamento de peixes, aves e mamíferos na região de Alcatrazes

19.jul.2012 - O Iate Clube de Barra do Una (ICBU) e o Yacht Clube de Ilhabela (YCI) estão organizando em conjunto com o Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), um calendário de expedições de avistagem na área de Alcatrazes, no entorno da Estação Ecológica (Esec) Tupinambás, no litoral norte de São Paulo.
As inscrições de barcos foram realizadas no dia 3 de julho no IO da USP, na capital paulista. Foram 55 barcos, sendo que três deles estão garageados na Marinas Nacionais. As expedições têm por objetivo a identificação de cetáceos e aves por meio de fotografias e filmagens. Esses dados serão utilizados pelos pesquisadores para formar um mapa de avistagem, com informações sobre a existência, frequência e o comportamento das espécies na região.
O diretor de meio ambiente do ICBU e da YCI Julio Cardoso explica que cada expedição contará com 20 barcos. “Serão definidas rotas a serem seguidas por cada embarcação, que devem levar um monitor (biólogo) qualificado pelo ICMBio”.
Restrições
Na palestra, os participantes também receberam as instruções e tiveram conhecimento das regras para participação, já que uma Estação Ecológica tem restrições por ser uma unidade de conservação integral. “Na região da ESEC é proibida a visitação pública, incluindo pescar, ancorar ou mergulhar, sendo passível de multas”, alerta Julio.
Outra atração do encontro no IO foi a Science on a Sphere, ou “Ciência em Uma Esfera”, uma ferramenta educacional desenvolvida pela Agência Americana de Oceanos e Atmosfera (NOAA), que mostra os diferentes fenômenos oceanográficos, atmosféricos, geológicos e ecológicos do planeta em imagens projetadas, a partir de quatro projetores sincronizados por um computador, com mais de 500 projeções diferentes.
Fotos: Andrea Ribeiro
Estação Ecológica Tupinambás completou 25 anos
No dia 3 de julho, o evento do IO da USP comemorou os 25 anos da ESEC Tupinambás. Criada em 1987 e administrada pelo ICMBio, autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a ESEC Tupinambás tem uma área aproximada de 2.445 hectares.
A ESEC é composta por conjuntos de ilhas, ilhotas, lajes e parcéis litorâneos. O primeiro conjunto, a 34 km da costa de São Sebastião, compreende parte do Arquipélago dos Alcatrazes. O segundo está localizado em Ubatuba e inclui a Ilha das Palmas, Ilhote e Laje do Forno, situados a leste da Ilha Anchieta, e Ilhota das Cabras, situada a nordeste da Ilha Anchieta. E tem ainda como parte integrante o entorno das ilhas, numa extensão de um quilômetro a partir da rebentação das águas nos rochedos e praias.
O isolamento geográfico e as condições adversas geradas pela distância da costa originaram um mosaico de ecossistemas com muitas peculiaridades e elevado nível de endemismo.
Abriga o maior ninhal de aves marinhas da região Sudeste, especialmente de tesourões (Fregata magnificens), atobás (Sula leucogaster) e trinta-réis (Sterna sp). Foram identificadas ainda áreas de Floresta Atlântica e espécies endêmicas, que só existem ali, como a jararaca de alcatrazes (Bothrops sp), a perereca (Scinax alcatraz) e a rainha-do-abismo (Sinningia insularis), vegetação típica de rochedo.
A região abriga diversas espécies marinhas, como a tartaruga cabeçuda (Carettra caretta), tartaruga verde (Chelonia mydas), tartaruga marinha (Lepidochelys coriacea) e tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). A enguia-de-jardim (Heteroconger longissimus) é uma espécie de peixe cuja única ocorrência registrada é na Ilha dos Alcatrazes, e 150 espécies de recifais já estudadas.
Entre os peixes destaca-se o registro de nove espécies ameaçadas, tais como o neon (Elacatinus fígaro). Nos fundos rochosos encontram-se algas calcárias crostosas, com extensas áreas dominadas por Corallinaceae associadas a ouriços-do-mar. Altas densidades de tartarugas-marinhas utilizam o local como área de alimentação e refúgio e frequentam o Arquipélago oito espécies de baleias e golfinhos. A baleia-de-Bryde (Balaenoptera edeni) é a espécie mais comumente avistada. O arquipélago é considerado o ponto do litoral brasileiro de maior importância para esta espécie.